A reinauguração da Over Night, balada que fez sucesso nos
anos 90
Antes na Zona Leste, danceteria se muda para a Vila
Olímpia com flashbacks na trilha sonora
Enquanto hoje as casas noturnas se concentram em áreas
mais centrais, como o Baixo Augusta, algumas décadas atrás, três danceterias
atraíam baladeiros de todas as regiões da cidade à Zona Leste. Em 1972, surgiu
a Toco, na Vila Matilde.
Depois, em 1980, foi a vez da Contramão, no Tatuapé.
Completava a tríade a Over Night, point de música eletrônica e dance music que
funcionou na Mooca entre 1988 e 2004. Essa última fará a alegria dos fãs
nostálgicos com sua reinauguração na sexta (16) os ingressos para a data já
estão esgotados.
Ela, entretanto, deixou de lado o bairro original e
migrou para a Vila Olímpia. Até se cogitou que voltasse ao primeiro endereço,
na Rua Juvenal Parada, mas ali funciona atualmente um bufê.
Apesar da mudança física, vão bombar nas caixas de som as
mesmas músicas que dominavam as pistas na época e hoje se encaixam na categoria
flashback. “A maior parte da trilha sonora será voltada a hits dos anos 70 aos
90”, afirma Walmir Luiz Devide, o DJ Badinha. “Mas teremos ainda faixas de
artistas atuais.” Bandas do naipe de Technotronic e Information Society
marcarão presença nos sets. Pocket shows de artistas internacionais também
devem ocupar esporadicamente um palquinho improvisado.
Um dos astros dos toca-discos da Over Night, o residente
Badinha, comandante de dois programas na rádio Energia 97, juntou-se a outros
cinco sócios para o revival da boate. Entre eles, estão os irmãos Ricardo e
Carmo Crunfli, também responsáveis pelo Cabral, clube aberto em 1999 no
Tatuapé, agora com perfil mais popular. Outro irmão, William, foi um dos donos
da Toco e da Contramão, onde a dupla trabalhou por muitos anos. “A decoração da
Over Night será quase idêntica à original”, garante Ricardo. As luzes e
projeções continuam sendo a marca registrada do espaço. Apenas nesse setor
foram investidos cerca de 550 000 reais;
Um aparelho de luz chamado alien, uma das estrelas da
casa na Mooca, foi trazido da Espanha. “O pessoal era supervanguarda, ligado
nas tendências de música e preocupado em trazer tecnologia de última geração”,
lembra Mau Mau, um dos grandes DJs que pintavam na cabine, ainda em começo de
carreira, assim como Marky, Renato Lopes e Andy, além de gringos, a exemplo do
galês Sasha. “Em uma época sem internet, para os concorrentes não descobrirem
de onde tinha vindo o aparelho e copiarem, pintávamosa marca”, lembra Badinha.
A balada chega à Vila Olímpia em um imóvel, cuja reforma
durou um ano, onde já funcionaram a Vinyl e a Nexxt Lounge. Sua abertura
reforça a vocação de point de flashbacks do bairro. A Limelight é uma dessas
casas, ao lado da The History, instalada praticamente em frente à nova “rival”.
Em ambas há fartura de camarotes, telão transmitindo clipes em sintonia com as
músicas e performances do tipo circense durante a madrugada. “Será bom para
trazer mais público para a rua, principalmente agora que o pedaço não tem mais
tantas atrações noturnas”, diz Iraí Campos, dono da The History. E ainda
alfineta: “Meu estabelecimento virou referência para outros”. Ele acaba de
concluir uma reforma do local e pretende abrir um espaço para eventos no
terreno vizinho nos próximos meses.
Por enquanto, a Over Night funciona às sextas e aos
sábados. Após o Carnaval, deve incluir as quintas na agenda. As domingueiras
que ajudaram a construir a fama do lugar, entretanto, não estão nos planos dos
sócios. “Vou poder relembrar o passado”, comemora a secretária Andreia de
Oliveira, de 44 anos. Ela frequentou a balada de seu início até o fechamento e
conheceu ali o marido, com quem é casada há duas décadas.