Enquanto você lê este texto, todo um filme passa pela minha cabeça. O cenário é a São Paulo dos anos 80, cidade cheia de vontade de ser uma megalópole com vida noturna pulsante. A personagem, uma menina de 13 anos que era louca por música eletrônica, mais especificamente acid house, e entrava num clube noturno pela primeira vez com a irmã mais velha. A danceteria Rose Bom Bom foi o set onde tudo aconteceu e, nos toca-discos, um DJ que marcaria a vida daquela menina para sempre, não só pelo som que ele tocava, mas pelo simples fato de ter sido gentil e escrito num guardanapo três das músicas que tinha tocado – e, de quebra, ter anotado também onde encontrar aqueles vinis,
Se fosse um roteiro de ficção, o filme poderia se chamar
Last Night a DJ Saved My Life. Mas essa ceninha, na qual o DJ protagonista da
vida real era o lendário Magal, um ícone da noite de São Paulo até hoje,
aconteceu de verdade comigo. Dessa noite em diante comecei a construir uma
relação de amor com a discotecagem e a música eletrônica que dura até hoje....
Corta para a São Paulo de 2019, final de março. Uma cidade
que não sonha mais em ser um centro de entretenimento noturno mundial, pois
isso já é fato consumado há algum tempo. Vejo no meu celular uma
chamada de um número fixo. "Claudia, um minutinho que o Secretário
Alexandre quer falar". Era o atual Secretário da Cultura, Alexandre
Youssef, recém nomeado por Bruno Covas, e que eu conheço desde os tempos da
Coordenadoria da Juventude do governo Marta Suplicy....
Uma das ações que queremos botar em prática em breve vai
ocupar a famosa Vitrine da Dança, que irá assumir seu papel literal de
vitrine, com DJs dos mais diversos estilos tocando ali nos finais de
tarde. Como bem disse o Secretário, "o intuito da criação desse centro é
dar a devida importância a toda uma cultura que se formou em torno do DJ e da
música eletrônica (sem distinção de gênero), dignificando e reconhecendo sua importância
dentro da economia criativa e estendendo à população a possibilidade de se
apropriar de conhecimentos inerentes a esse universo
Com a chegada da Galeria do DJ a ideia é transformar a Olido
num espaço de conhecimento e experiência pulsante, assim como acontece em prédios
vizinhos, como a Galeria do Rock e o Sesc 24 de maio. Faz todo o sentido situar
a Olido como um centro onde jovens de 0 a 100 anos possam viver o amor por essa
arte que transformou o mundo que conhecemos hoje. E, mais além, transformar
esse amor em conhecimento, esse conhecimento em profissão, e a profissão em
boletos pagos....