A primeira edição da revista Bizz chegou às bancas em agosto
de 1985, sob direção editorial de Carlos Arruda e chefia de redação de José
Eduardo Mendonça. Seu projeto editorial inicial foi baseado em pesquisas
levantadas junto ao público presente no primeiro Rock in Rio, ocorrido em
janeiro daquele ano. O projeto visual foi inspirado na revista adolescente
inglesa Smash Hits. O país vivia a explosão do chamado "Rock Brasil",
com jovens bandas alcançando o estrelato a bordo de sucessos massivos nas FMs e
de um bem-azeitado circuito de shows (nas danceterias). Pela primeira vez, se
falava em "público jovem" no Brasil, cultura abafada por 20 anos de
ditadura militar.
Sua receita editorial inicial contemplava, além de música,
também cinema, moda, vídeo, quadrinhos e tecnologia. A primeira edição alcançou
a animadora marca de 100 mil exemplares, se estabilizando nos meses seguinte
entre de 60/ 70 mil exemplares por mês.
Em 1986, o Plano Cruzado deu impulso inédito ao consumo no
país, do qual também se beneficiou a indústria fonográfica e do entretenimento.
Bizz aposta então em edições especiais como a Top Hits (rebatizada logo depois
como Letras Traduzidas), Ídolos do Rock e revistas-pôster de artistas como The
Cure, RPM e Dire Straits. Com a explosão consumista, também o mercado
publicitário passa por um superaquecimento, com a criação de toda uma gama de
produtos e serviços direcionados ao público jovem. Para dar vazão a publicações
direcionadas, a Editora Abril cria a Editora Azul, que passa a publicar Bizz a
partir de outubro de 1986.
Em 1987, o fim do Plano Cruzado trouxe de volta, aos poucos,
velhos fantasmas da economia, como a inflação. Saques, manifestações populares
e depredações passaram a ser comuns. Com a retração de mercado, suas únicas
concorrentes, Somtrês e Roll, fecham as portas, e Bizz ganha força e poder de
repercussão. Dentro do plano de criação de produtos segmentados da Editora
Azul, em junho de 1987 surge a revista Set, gerenciada em boa parte pela mesma
redação de Bizz. A revista-mãe fecha o foco em música e sua redação é
remanejada para atender a demanda de duas revistas. José Augusto Lemos assume a
direção de redação e Alex Antunes o cargo de editor, o que acentua o caráter
"alternativo" das novas pautas.
No fim de 1989, a revista ganha novo projeto gráfico e novo
logotipo. Àquela altura, o cenário musical brasileiro era bastante diferente do
de quatro anos antes. Dentre os grandes vendedores, somente Legião Urbana,
Paralamas e Titãs não enfrentam queda nas vendas. As redes de FM eram uma realidade
- durante o governo de José Sarney, foram distribuídas 958 concessões, uma por
quinzena -, o que solidificaria rapidamente a prática do jabaculê. A aposta das
gravadoras passa a ser os chamados "artistas bregas", como Rosana,
Chitãozinho & Xororó e Leandro & Leonardo, e a lambada de Reflexu's da
Mãe África, Beto Barbosa e Sara Jane. Em maio de 1990, com a estréia da MTV
Brasil, há um maior interesse de toda a mídia nacional em artistas
estrangeiros. A segunda edição do Rock in Rio, em janeiro de 1991, é toda
pautada por artistas em alta-rotação na emissora, como Guns N'Roses, New Kids
on The Block e Faith no More.
Um novo projeto editorial e um terceiro logotipo estréiam em
maio de 1993. A matéria de capa revela a preocupação da revista com a renovação
do cenário brasileiro: "A nova MPB", com artistas então desconhecidos
como Carlinhos Brown, Skank e Okotô. Seis meses depois, André Forastieri deixa
a redação para criar a revista underground de comportamento General. O repórter
Carlos Eduardo Miranda funda com os Titãs o selo Banguela, responsável pela
descoberta de bandas como Raimundos e Mundo Livre S/A.
Em outubro de 1995, em meio aos novos ventos econômicos do
Plano Real e ao sucesso do formato de cultura jovem disseminado pela MTV, Bizz
transforma-se em Showbizz, com formato maior, projeto gráfico privilegiando
fotos em detrimento do texto, linguagem adolescente, e ensaios sensuais. O
mercado publicitário reage bem e o relançamento atinge 100 mil leitores.
A partir de 1996, a revista passa a investir em capas com
grandes nomes do rock (The Doors, Jimi Hendrix, Nirvana, U2, Legião).
Com a compra da Editora Azul pela Editora Abril, os ensaios
"sensuais" são extintos, inicia-se um processo de "limpeza na
linguagem", buscando falar com um público mais abrangente, e um esforço
concentrado para melhorar a qualidade do jornalismo praticado pela revista. Em
agosto de 1998, o jornalista carioca Pedro Só assume o cargo de redator-chefe,
abrindo o foco em direção a MPB, à "cultura musical" e inaugurando
projeto gráfico mais sóbrio. A proposta visa reduzir a rejeição que a fase teen
criou em parte do público e recuperar a credibilidade e o trânsito entre o meio
artístico. No início do ano 2000, depois de uma associação com a editora
Símbolo, a direção da editora Abril anuncia que Showbizz, dali em diante, seria
publicada pela editora independente.
Pedro Só declina do convite de manter-se à frente da
redação. Quem assume é o então editor-assistente Emerson Gasperin, que opta por
aprofundar a receita editorial em curso, abrindo o foco para música eletrônica
e raridades do pop nacional e apostando em grandes matérias históricas
especiais. Em julho de 2001, entretanto, desfez-se o contrato entre Símbolo e
Abril e a última não se interessou em continuar o título. A revista manteve-se
viva em edições especiais ocasionais, em sites de leitores na internet e até
numa comunidade no Orkut, com mais de mil membros.
O culto em torno do título chamou a atenção para o vazio
causado após o fim da revista. Em setembro de 2005, o Núcleo Jovem da editora
Abril (responsável por títulos como Superinteressante e Capricho) decide
ressuscitar a revista, com seu título e formato original. Para a direção do
novo projeto editorial, foi convocado o jornalista Ricardo Alexandre, lançado
nas páginas da própria Bizz em 1993.
Em Julho de 2007, o jornalista assinou pela primeira vez uma
reportagem de capa da revista, contando a história da última turnê dos Los
Hermanos. Foi a última edição da Bizz.