"As
músicas foram escolhidas como um DJ escolheria a próxima faixa para tocar na
pista", observa Memê. "Tem duas pessoas com quem, durante o
processo de escolha, eu bati bola, que foram os DJ's Zé Pedro e o Marky,
que entendem demais de música brasileira e foram uma espécie de embaixadores
deste trabalho", disse o artista.
A
primeira música concluída, das dez contidas no álbum, foi o clássico Fullgás,
de Marina Lima: "Quando começou a pandemia, a gente não tinha
pra onde ir, não tinha onde tocar, não tinha o que fazer, né? A gente começou a
fazer lives. Um dia fui pro estúdio e resolvi pegar o meu caixote de DATs.
Quando eu peguei a fita da Marina, descobri que tinha todos os canais. Aí
joguei no computador e comecei a brincar. Quando eu vi, a música começou a
tomar forma. Comecei a fazer aquilo de brincadeira, mas levando a sério. Mandei
pro Zé Pedro e pro Marky e eles piraram. O Marky fez uma live só pra tocar a
música. Todo mundo ficou pedindo a música", lembra.
Daí
surgiu a ideia de, por que não, retrabalhar músicas incríveis que saíram do repertório
das gerações mais novas não por falta de qualidade ou genialidade, mas por
soarem de outra época.
"Liguei
pro Paulo Lima, que é o presidente da gravadora (Universal Music Brasil), e
falei da minha ideia. Mandei o remix da Marina e ele adorou: 'Vamos
fazer'", conta. Memê então pediu carta branca para mexer no
acervo da gravadora, o que foi concedido.
"Eles
começaram a abrir arquivos para mim e converter para digital", diz. O
passo seguinte foi conseguir as autorizações com os artistas. "A
minha sorte é que eu comecei a fazer isso num período onde estava tudo meio
parado, e essas autorizações foram saindo mais facilmente. O mais bacana é que
todos os artistas, incluindo Bethânia e Caetano, autorizaram desde o início que
eu botasse a mão nas fitas pra mexer e, depois, todos eles autorizaram o remix
feito", revela.
E conclui, avisando: "Não é um disco para pista. É um álbum de remixes, no qual mostro o arranjo original, mostrando a diversidade daquela música que já é conhecida há mais de 30 anos".